Madrugada de sexta para sábado, dia 14 de junho de 2008. Uma jovem, de 24 anos, sobe o Morro da Urca, ao lado do Pão de Açúcar, onde funciona uma conhecida casa de shows. A jovem chama-se Patrícia Franco, engenheira de produção de uma grande multinacional. Depois do show, uma câmera de segurança que registra a saída do público, grava o momento em que Patrícia passa, são as últimas imagens que se tem dela. Essas podem ter sido as últimas horas de Patrícia ainda viva.
A engenheira pegou seu carro, depois de cruzar a Zona Sul do Rio de Janeiro, chegava à Zona Oeste, onde mora com os pais. Ao sair do túnel, já na Barra da Tijuca, o que aconteceu, é um mistério que a polícia ainda não conseguiu desvendar: o carro da engenheira foi encontrado nas pedras, junto a Lagoa de Marapendi, acerca de 25Km da casa dela. Patrícia tinha desaparecido. Aconteceu aí o que parecia ser um acidente: O carro de Patrícia saiu da pista poucos metros antes de um viaduto. Caiu numa ribanceira, depois cruzou a pista que passa debaixo do viaduto e caiu em uma segunda ribanceira. Só parou nas pedras, na beira do canal, que desemboca no mar.
Ao lado do viaduto, há sempre uma viatura da Polícia Militar, com homens de plantão. Dois PMs foram os primeiros a chegar ao carro e disseram não ter visto ninguém dentro do veículo. A primeira hipótese levantada pela polícia, foi que Patrícia estivesse no próprio lago, mas Mergulhadores do Corpo de Bombeiros não localizaram o corpo e os peritos que estiveram no local, não encontraram manchas de sangue dentro do carro.
A 16ª.(Décima Sexta) Delegacia tratou o caso como "acidente com desaparecimento da vítima".
15 dias após o desaparecimento, o irmão de Patrícia compareceu, na companhia de um conhecido, à oficina para onde o veículo fora rebocado, em frente a 16ª Delegacia. Lá houve uma descoberta que mudaria o rumo das investigações: foram identificados marcas de tiros na lataria do carro... Foi quando a Divisão Anti-Seqüestro (DAS) foi acionada e assumiu a investigação. Solicitaram o apoio de dois peritos, e aí o rumo dessa história começou a mudar. Fotos mostram que o cinto de segurança do motorista estava afivelado na hora em que o carro caiu da ribanceira.
"Se o cinto estava afivelado, onde estava o corpo? Onde é que está o corpo? Onde é que está a Patrícia?", questiona Marcos Reimão, da Delegacia Anti-Seqüestro. "A linha de investigação passa agora a ter um acidente associado a impactos de arma de fogo que foram efetuados contra o veículo da Patrícia", aponta Marcos Reimão, da Delegacia Anti-Seqüestro.
No motor do carro de Patrícia, os peritos fotografaram várias marcas que parecem de tiros. Mais tarde, acharam ali, no compartimento do motor, três fragmentos de bala. A hipótese que se investiga agora é que Patrícia tenha sido vítima de um crime.
"Teve um crime, sim. Agora, que crime foi?", pergunta Marcos Reimão, da Delegacia Anti-Seqüestro. A família da engenheira e o delegado testaram algumas conclusões sobre a cena da tragédia: Para eles o relógio e as pulseiras de Patrícia que foram encontrados dentro d’água, as margens do canal, próximo ao veículo não teriam se soltado sozinhas do corpo dela...
"Eram daquele tipo de pulseira que a mulher tem que fechar a mão para colocar. Como uma pulseira dessas poderia sair da mão da vítima num acidente?" "Será que aquilo não foi colocado naquele local para a polícia encontrar e fazer parecer que a vítima foi projetada na água?", diz Marcos Reimão, da Delegacia Anti-Seqüestro. Eles desconfiam de que alguém tenha forjado esse cenário.
A atitude de um desses policiais é tida como suspeita. Entenda o porquê: O PM confessou ter jogado uma pedra contra o vidro dianteiro do veículo. A pedra, com mais de dez quilos, foi encontrada perto dos pedais do motorista. O PM alegou que queria observar o interior do carro.
“Tem um policial, que a título de melhor visualizar o interior do carro, ele joga uma pedra nesse vidro. Uma pedra de 8kg! Se tivesse alguma vítima, ela não morreria do acidente, mas se lesionaria, no mínimo gravemente, pela pedrada do policial”.
"Ele agiu intencionalmente. Ele quis quebrar aquele vidro. Não sei se para observar mesmo ou se para ocultar uma outra coisa, um buraco de bala no vidro", pondera Marcos Reimão, da Delegacia Anti-Seqüestro. Três carros da Polícia Militar atenderam a ocorrência. Mas a Divisão Anti-Seqüestro já sabe: um dos carros não deveria estar ali. O que, então, a viatura da PM fazia no local do suposto acidente?
"Por que dois policiais que não estavam responsáveis pela ocorrência estavam lá embaixo, mexendo no veículo?", pergunta Marcos Reimão, da Delegacia Anti-Seqüestro.A Delegacia de Homicídios (DH) está assumindo a investigação que teve início após mais de 2 meses de investigações. Como nesse período não houve contato por parte de criminosos e nenhuma prova de que Patrícia está viva foi apresentada, a possibilidade de seqüestro está praticamente descartada.
A demora dos policiais em chamar o resgate também provoca suspeitas, segundo o delegado Marcos Reimão da DAS: “O bombeiro, ele foi acionado às 5:45h e o acidente ocorreu às 5:30h, não entendi porque 15 minutos! Eu também me pergunto por que os policiais não foram ao Grupamento Marítimo de Salvamento? Que é ali do lado, próximo ao local do acidente.”
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